

Fuzileiros patrulham ruas de Los Angeles por ordem de Trump
Os primeiros fuzileiros navais começaram a patrulhar as ruas de Los Angeles nesta sexta-feira (13), um avanço no destacamento da maior parte dos militares ordenado por Donald Trump diante dos protestos contra o aumento das batidas para prender imigrantes, uma medida que mostra o crescente autoritarismo do presidente, denunciam seus opositores.
Soldados uniformizados e armados com rifles caminhavam ao redor de um edifício federal, situado a mais de 18 km de distância do epicentro dos protestos.
"Os dólares dos contribuintes poderiam ser utilizados para outras coisas", disse RonNell Weaver à AFP. "Isto é realmente necessário?", questionou.
Este primeiro grupo de militares da ativa a aparecer pelas ruas da segunda cidade mais populosa dos Estados Unidos faz parte de um contingente de 700 fuzileiros navais e 4 mil soldados da Guarda Nacional que Trump ordenou que fossem enviados a Los Angeles para proteger os edifícios federais, enquanto a polícia local se encarrega dos protestos.
A decisão de Trump de enviar militares às ruas gerou uma guerra jurídica sobre a autoridade do presidente para adotar essa medida.
Várias cidades do país se preparam para os protestos convocados para o sábado, quando o republicano assistirá a um desfile militar incomum em Washington.
Com aviões e tanques, a cerimônia servirá para comemorar os 250 anos do Exército dos Estados Unidos, mas também acontecerá no dia em que Trump completa 79 anos.
Um grupo criado recentemente afirma que são esperados mais de 2 mil protestos em todo o país.
No último fim de semana, Trump enviou a Los Angeles milhares de membros da Guarda Nacional da Califórnia para garantir a segurança dos edifícios federais diante dos protestos, em sua maioria pacíficos, contra o aumento das batidas anti-imigrantes na segunda maior cidade dos Estados Unidos.
Em uma demonstração de poder, o republicano ignorou as objeções do governador da Califórnia, o democrata Gavin Newsom, pela militarização das ruas de Los Angeles.
Esta é a primeira vez desde 1965 que um presidente americano ordena a mobilização da Guarda Nacional sem o consentimento de um governador, que geralmente estão no comando desta unidade de reserva.
O juiz federal Charles Breyer ordenou ontem a devolução do controle da Guarda Nacional ao governador, após decidir que o envio dessas tropas de reserva pelo presidente era "ilegal" e considerou que os protestos estavam "muito" longe de serem uma "rebelião" como afirmou Trump.
Pouco depois, um tribunal de apelações suspendeu a decisão de Breyer até que uma audiência marcada para terça-feira para analisar o pedido do Departamento de Justiça, que tachou a decisão do juiz federal como "uma intromissão na autoridade constitucional do presidente como comandante em chefe" das Forças Armadas.
Esta é a última das disputas de Trump sobre os limites dos poderes presidenciais.
O uso de fuzileiros navais para tarefas de segurança civil causou muita controvérsia nos Estados Unidos, principalmente em Los Angeles, apesar de os soldados mobilizados nesta sexta terem sido posicionados em um edifício distante do local donde ocorreram os protestos na semana passada.
- Pessoas sem voz -
Os manifestantes em Los Angeles saíram às ruas para protestar contra as políticas migratórias do presidente.
Quase metade dos 9,7 milhões de habitantes do condado de Los Angeles se consideram latinos, e 33% nasceram no exterior, segundo o censo do governo.
"O que me traz aqui? As pessoas que foram levadas, pessoas que não têm voz. Nós somos a voz dessas pessoas", disse Jasmine, segurando um cartaz que pedia "o fim do ICE", o Serviço de Controle de Imigração e Alfândega dos Estados Unidos.
Trump não voltou atrás e reiterou nesta sexta que "salvou" Los Angeles e que, "se não tivesse enviado os militares", a cidade "estaria ardendo em chamas agora mesmo".
A indignação com as operações do governo gerou protestos em outras cidades, entre elas San Francisco, Chicago e San Antonio.
Na Geórgia, um cidadão mexicano morreu em um centro de detenção do ICE de causa não confirmada, informou ontem o Ministério das Relações Exteriores do México.
K.Cairstiona--NG