Nottingham Guardian - STF retoma interrogatórios no 2º dia de julgamento por trama golpista

STF retoma interrogatórios no 2º dia de julgamento por trama golpista
STF retoma interrogatórios no 2º dia de julgamento por trama golpista / foto: EVARISTO SA - AFP

STF retoma interrogatórios no 2º dia de julgamento por trama golpista

O Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou, nesta terça-feira (10), o segundo dia de interrogatórios do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados, acusados de tentativa de golpe de Estado contra o presidente Lula em 2022, um crime que pode levá-los à prisão.

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Em fevereiro, a Procuradoria-Geral da República (PGR) acusou Bolsonaro, de 70 anos, de liderar uma "organização criminosa" para não reconhecer o resultado das eleições de outubro de 2022 e impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A suposta trama golpista teria fracassado por falta de apoio dos comandantes militares, mas Bolsonaro e outros sete ex-colaboradores podem receber sentenças de 40 anos de prisão se forem condenados pelos crimes de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.

Dos oito réus, dois já foram interrogados na segunda-feira. Bolsonaro é o sexto na ordem determinada pelo tribunal, e as audiências podem continuar até sexta-feira.

Bolsonaro compareceu ao STF, em Brasília, nesta terça-feira, juntamente com outros réus e advogados de defesa, confirmou um jornalista da AFP.

O primeiro a depor na segunda-feira foi o tenente-coronel Mauro Cid, ex-braço direito de Bolsonaro durante sua presidência (2019-2022), que assinou um acordo de delação premiada com a Justiça.

Cid disse ao STF que Bolsonaro cogitou um plano para decretar um "estado de sítio" e "refazer as eleições" em 2022 após sua derrota para Lula.

"Estou com a consciência tranquila", disse o ex-presidente, que se declara inocente, durante um intervalo no julgamento na segunda-feira.

Cid explicou que Bolsonaro "recebeu e leu" o documento apresentado por seus assessores, que previa a "prisão de autoridades" e a criação de um "conselho eleitoral" para refazer as eleições vencidas por Lula.

O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro foi interrogado por quatro horas e, em alguns momentos, pareceu hesitante. Ele respondeu com "não me lembro" a várias perguntas.

O advogado de Bolsonaro, Celso Vilardi, criticou as "contradições" e a "memória absolutamente seletiva" de Cid e afirmou que a audiência foi "ótima" para os esforços da defesa do ex-presidente de anular o processo judicial contra ele.

Após Cid, foi a vez do ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e deputado federal Alexandre Ramagem (PL/RJ) ser interrogado.

Ramagem negou ter disseminado desinformação sobre o processo eleitoral e garantiu que nunca compartilhou com Bolsonaro suas "anotações privadas" sobre uma suposta fraude nas urnas, que, segundo a PGR, serviriam para fomentar o golpe.

O julgamento está sendo presidido pelo ministro Alexandre de Moraes, a quem Bolsonaro chamou de "ditador".

Cid disse que Bolsonaro cogitou decretar a prisão de Moraes, provocando risos do ex-presidente no tribunal.

W.P.Walsh--NG