Nottingham Guardian - Corte de apelações mantém as tarifas de Trump

Corte de apelações mantém as tarifas de Trump

Corte de apelações mantém as tarifas de Trump

Uma corte de apelações dos Estados Unidos manteve temporariamente, nesta quinta-feira (29), as tarifas alfandegárias impostas pelo presidente Donald Trump até que se pronuncie a fundo sobre o caso, menos de 24 horas depois de outro tribunal ter proibido as taxações.

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Desde que voltou ao poder, em janeiro, Trump transformou os laços comerciais de seu país com o mundo, lançando mão da imposição de tarifas como tática de negociação.

Em abril, o presidente americano anunciou um 'tarifaço' para quase todos os seus parceiros comerciais, com um mínimo generalizado de 10%, além de taxas mais elevadas para dezenas de outros países, inclusive a China e os da União Europeia, que foram suspensas desde então.

O Tribunal de Comércio Internacional, composto por três juízes, decidiu na quarta-feira que Trump se excedeu em suas funções, proibindo, então, a cobrança da maioria das tarifas que ele havia anunciado.

A decisão valia tanto para as tarifas alfandegárias cobradas de Canadá, México e China - cujo objetivo, segundo Trump, seria incentivar estes países a combater o tráfico de fentanil - quanto para as taxas adicionais de 2 de abril sobre todos os produtos que entram nos Estados Unidos, de 10% a 50%, dependendo do país de origem.

Contudo, a decisão mantinha intactas as tarifas de 25% para as indústrias automotiva, do aço e do alumínio.

Os advogados do governo Trump apresentaram um recurso contra a sentença e o Departamento de Justiça disse que tinha a intenção de pedir uma medida emergencial à Suprema Corte nesta sexta-feira.

Uma corte de apelações acatou o pedido do governo e juntou em um os dois casos apresentados por pequenas empresas, de um lado, e uma coalizão de estados americanos do outro. As duas partes consideram que o presidente viola o poder do Congresso.

- "Usurpar a autoridade" -

Por meio de uma de suas contas na rede social X, a Casa Branca qualificou a decisão anunciada na véspera como "manifestamente equivocada".

A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse a jornalistas que os juízes "abusaram descaradamente de seu poder judicial para usurpar a autoridade do presidente Trump".

A Suprema Corte "deve pôr fim" ao desafio das tarifas, disse Leavitt, ressaltando, porém, que Trump dispõe de outros meios legais para impô-las.

Kevin Hassett, diretor do Conselho Econômico Nacional, avaliou que os "contratempos" causados pelas decisões de "juízes ativistas" não afetarão as negociações com parceiros comerciais e disse que há três acordos prestes a serem fechados.

Trump argumenta que o déficit comercial e a ameaça representada pelo fluxo de drogas constituem uma "emergência nacional" que justifica as tarifas generalizadas rejeitadas pela corte.

- "Vozes racionais" -

A China, prejudicada com tarifas adicionais de 145% antes de serem temporariamente reduzidas para dar margem a negociações, reagiu imediatamente.

"A China exorta os Estados Unidos a ouvirem as vozes racionais da comunidade internacional e das partes interessadas nacionais e a cancelarem completamente as medidas tarifárias unilaterais injustificadas", declarou a porta-voz do Ministério do Comércio, He Yongqian.

O primeiro-ministro canadense, Mark Carney, advertiu que as relações comerciais continuam "profunda e negativamente ameaçadas" pelos impostos restantes.

Os juízes do tribunal federal de comércio analisaram se a Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional de 1977 (IEEPA, na sigla em inglês) delega tais poderes ao presidente "sob a forma de autoridade para impor tarifas ilimitadas sobre bens de quase todos os países do mundo".

O tribunal não acredita que "a IEEPA confira tal autoridade ilimitada e anula as tarifas impugnadas, impostas em virtude dela", segundo sua decisão.

Analistas do grupo de pesquisas Capital Economics, sediado em Londres, disseram que o caso pode acabar na Suprema Corte, mas é improvável que marque o fim da guerra tarifária.

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P.Connor--NG