

Venezuela suspende voos com Colômbia após denunciar chegada de 'mercenários'
A Venezuela anunciou, nesta segunda-feira (19), a suspensão de sua conexão aérea com a Colômbia após denunciar a chegada de "mercenários" por essa via com o plano de "sabotar" as eleições de governadores e parlamentares do domingo.
Os governistas do chavismo denunciam constantemente planos para derrubar o presidente Nicolás Maduro, supostamente planejados nos Estados Unidos e na Colômbia com colaboração da oposição.
O ministro do Interior, Diosdado Cabello, citou na nova denúncia a líder da oposição María Corina Machado, que pediu que as pessoas não participassem dessas eleições após denunciar fraude na reeleição de Maduro em julho do ano passado.
"Até este momento somamos 38 novos detidos", disse Cabello em uma coletiva de imprensa com meios pró-governo. "Entre eles os especialistas em explosivos, os coiotes e mercenários [...] Por trás disso está a senhora María Machado."
Dos detidos, 17 são estrangeiros e 21 venezuelanos. "O Estado venezuelano irá se defender", afirmou Maduro, que apareceu na televisão imediatamente após Cabello. "Será demonstrada a verdade dessa conspiração, que será novamente desmontada e derrotada", acrescentou.
A Venezuela elege no domingo os deputados do Parlamento e governadores dos estados, incluindo o rico território de Essequibo, que a Venezuela considera como um departamento próprio, embora seja controlado pela Guiana, país com o qual disputa o território.
- "Contatos diplomáticos" -
Os voos entre Venezuela e Colômbia foram retomados em novembro de 2022, com a chegada ao poder do esquerdista Gustavo Petro, que renovou as relações.
Maduro havia interrompido essas relações em 2019, quando o ex-presidente Iván Duque não reconheceu sua primeira reeleição em 2018 e reconheceu o opositor Juan Guaidó como presidente.
A Aeronáutica Civil da Colômbia indicou nesta segunda que as autoridades estão promovendo "contatos diplomáticos" que "contribuam para o restabelecimento das conexões” aéreas.
A nova suspensão entrou em vigor de forma imediata e até novo aviso. A Venezuela já possui uma conectividade aérea reduzida.
Cabello assegurou que o plano procurava gerar "ações de violência" no país após a celebração das eleições, assim como atacar "embaixadas acreditadas na Venezuela", "hospitais" e "comandos policiais".
E a medida sobre os voos responde ao fato de que, segundo o ministro, os supostos mercenários chegaram ao país "a partir da Colômbia", embora tenham partido originalmente de outros países. Alguns foram capturados na fronteira terrestre.
A primeira vez que o termo foi usado foi em julho de 2024, quando pelo menos 2.400 pessoas foram detidas em 48 horas durante protestos contra a proclamação de Maduro como presidente reeleito. Cerca de 1.900 foram libertadas meses depois.
- "Trama conspiratória" -
Um ativista de direitos humanos da organização Provea foi detido na semana passada, acusado de estar vinculado a "uma trama conspiratória para gerar violência" durante as eleições.
Ele foi acusado pelos crimes de conspiração, terrorismo e traição à pátria, informou o procurador-geral Tarek William Saab.
A ONG Foro Penal contabiliza 895 "presos políticos" no país e estima ao mesmo tempo que cerca de 72 estrangeiros estão presos acusados de conspirar contra o governo.
O chamado de Machado para boicotar as eleições foi ignorado por uma ala da oposição liderada pelo duas vezes candidato presidencial Henrique Capriles, que aspira a um assento no Parlamento.
Ele apresenta sua decisão como uma tentativa de "reivindicar" o triunfo do rival de Maduro nas presidenciais, Edmundo González Urrutia, que se exilou na Espanha após uma ordem de prisão contra ele emitida pela justiça venezuelana.
L.Boyle--NG