Nottingham Guardian - Milhares de indígenas chegam a Bogotá para marchar em apoio ao governo

Milhares de indígenas chegam a Bogotá para marchar em apoio ao governo
Milhares de indígenas chegam a Bogotá para marchar em apoio ao governo / foto: Federico PARRA - AFP

Milhares de indígenas chegam a Bogotá para marchar em apoio ao governo

Mais de 10.000 indígenas se reuniram nesta segunda-feira (28) em uma universidade pública de Bogotá, onde aguardavam a chegada de mais comunidades originárias para apoiar as marchas de 1º de maio convocadas pelo governo da Colômbia em defesa de suas reformas de esquerda.

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Faltando pouco mais de um ano para o término de seu mandato, o presidente Gustavo Petro convocou a população a apoiar seus projetos rejeitados pelo Congresso, no contexto das marchas do Dia Internacional do Trabalhador.

"Vamos acompanhar o proletariado colombiano em 1º de maio", disse à AFP Armando Wouriyu, um wayúu 63 anos e líder da ONIC, a maior organização indígena del país.

Os povos originários apoiam a aposta de Petro por um Estado mais generoso com os pobres. Também exigem melhores condições de saúde, educação, proteção e autonomia em seus territórios.

Dentro de alguns prédios e no campus da Universidade Nacional na capital colombiana, indígenas se organizam em barracas e abrigos improvisados feitos com lonas plásticas, onde passam a noite desde o fim de semana. Vários caminhões cheios de pessoas fizeram fila pela manhã para entrar nas instalações.

"Viemos para pedir uma resposta aos temas que o governo não conseguiu resolver", disse Leonardo Homen Quinayas, líder de 47 anos do povo yanacuna.

O primeiro governo de esquerda na história do país chegou ao poder em 2022 com um conjunto ambicioso de iniciativas, mas só conseguiu implementar uma reforma previdenciária e outra tributária.

Impedido por lei de se reeleger, Petro anunciou uma consulta popular com 12 perguntas sobre a expansão dos direitos trabalhistas e de saúde.

Desde o fim de semana, mais de 157 veículos com cerca de 5.500 indígenas entraram em Bogotá, e cerca de 180 ônibus adicionais estão a caminho, de acordo com a polícia.

"Até o momento, não houve incidentes ou violência dentro da Universidade Nacional", disse o secretário de Governo da prefeitura de Bogotá. Segundo a autoridade local, atualmente há cerca de 11.000 indígenas na maior universidade pública do país, mas "vão chegar mais".

Alguns senadores da oposição e professores reclamaram da ocupação do campus, mas a Universidade apoiou a iniciativa.

"Nos preocupa muito a instrumentalização da universidade para fins aparentemente políticos", assinalou à AFP Diego Alejandro Torres, professor do Departamento de Física do centro de ensino.

Os povos indígenas apoiam Petro desde a sua campanha presidencial. A ministra do Meio Ambiente, Lena Estrada; a embaixadora na ONU, Leonor Zalabata, e outras autoridades de seu governo são de comunidades originárias, que representam 4,4% dos 50 milhões de habitantes da Colômbia.

W.P.Walsh--NG