Nottingham Guardian - Ministério Público do Trabalho processa chinesa BYD por suspeita de trabalho escravo

Ministério Público do Trabalho processa chinesa BYD por suspeita de trabalho escravo
Ministério Público do Trabalho processa chinesa BYD por suspeita de trabalho escravo / foto: Chanakarn Laosarakham - AFP/Arquivos

Ministério Público do Trabalho processa chinesa BYD por suspeita de trabalho escravo

O Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia apresentou uma ação contra a fabricante chinesa de veículos elétricos BYD e duas empresas terceirizadas por suposto trabalho escravo e tráfico de pessoas, segundo documentos aos quais a AFP teve acesso nesta quinta-feira (29).

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A ação judicial se refere a 220 trabalhadores chineses, que foram encontrados em condições "análogas à escravidão" em dezembro passado, durante a obra de construção da planta industrial da BYD no município de Camaçari, na Bahia.

A montadora Build Your Dreams (BYD) está construindo no local sua maior fábrica de veículos elétricos fora da Ásia.

O MPT baiano pede 257 milhões de reais por danos morais coletivos, além de pagamentos individuais para cada trabalhador.

O organismo sustenta que, após uma denúncia anônima, agentes "encontraram os trabalhadores amontoados em alojamentos sem as mínimas condições de conforto e higiene", segundo um comunicado.

Os trabalhadores tinham contratos de trabalho com cláusulas ilegais, seus passaportes foram retidos e eram vigiados por guardas armados.

Além disso, dormiam em camas sem colchão e um dos alojamentos contava com apenas um banheiro para 31 pessoas, e por isso precisavam acordar às 04h da manhã para fazer a higiene pessoal antes de iniciar jornadas de trabalho exaustivas e sem descanso semanal, detalhou o comunicado.

Segundo a ação, as empresas retinham até 70% dos salários dos trabalhadores e exigiam-lhes que pagassem caução. Se rescindissem o contrato antes de seis meses, perdiam tanto a caução quanto os valores retidos, além de ter que pagar a passagem de volta.

A ação civil foi apresentada após a recusa das empresas em assinar um termo de ajustamento de conduta proposto pelas autoridades brasileiras, segundo o MPT.

Nesta quinta, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, disse a jornalistas que o governo chinês "dá grande importância à proteção e garantia dos direitos e interesses legítimos dos trabalhadores" e exige das empresas chinesas "operar em conformidade com as leis e regulações".

As empresas terceirizadas processadas são JinJiang e Tonghe (atual Tecmonta).

Após tomar conhecimento da situação no fim de dezembro, a BYD Auto do Brasil anunciou a rescisão do contrato com a Jinjiang.

A BYD não respondeu imediatamente a um pedido de comentários da AFP.

A.Kenneally--NG