

Macron pede ação contra Irmandade Muçulmana na França
O presidente francês, Emmanuel Macron, encarregou o governo, nesta quarta-feira (21), de elaborar propostas para enfrentar a influência da Irmandade Muçulmana e a ascensão do islamismo político na França, informou a presidência.
O Palácio do Eliseu fez o anúncio após o mandatário francês presidir uma reunião de segurança para examinar um relatório que alerta para a "ameaça à coesão nacional" da Irmandade Muçulmana.
Este movimento, nascido em 1928 no Egito, defende o projeto de um islã político e conservador. O grupo foi proibido por vários países, incluindo Arábia Saudita, Egito e, mais recentemente, Jordânia.
"Devido à importância do assunto e a gravidade dos fatos constatados, [Macron] pediu ao governo que elabore novas propostas que serão examinadas em um Conselho de Defesa no início de junho", indicou a presidência francesa.
O relatório surge no momento em que a França, um país oficialmente laico, reflete sobre o lugar do islã, após a controversa lei de 2021 contra o "separatismo" e em meio à ascensão eleitoral da extrema direita.
O documento, preparado por duas autoridades de alto escalão, alerta para uma progressão do islamismo que vem "de baixo" e a nível municipal, o que constituiria "uma ameaça a curto e médio prazos".
Mesmo que "não recorra à ação violenta", há "risco de danos ao tecido associativo e às instituições republicanas (...) e, de forma mais ampla, à coesão nacional", afirma o relatório, ao qual a AFP teve acesso.
Este "islamismo municipal" poderia ter "efeitos crescentes no espaço público e no jogo político local" com uma "retirada comunitária, até a constituição de ecossistemas islamistas cada vez mais numerosos", acrescenta.
Embora o relatório classifique como "subversivo" o projeto da Irmandade Muçulmana, que buscaria modificar gradualmente as regras sobre secularismo e igualdade de gênero, descarta que eles queiram aplicar a lei islâmica na França.
A Federação dos Muçulmanos da França, apresentada no relatório como o ramo nacional do movimento, advertiu em um comunicado contra um "amálgama perigoso" entre o islã e o radicalismo.
"Por trás destas acusações infundadas, está surgindo uma estigmatização do islã e dos muçulmanos", disse a federação, alertando que isso poderia levar a "atos de violência", como o esfaqueamento fatal de Aboubakar Cissé, um jovem malinês, em 25 de abril, do lado de fora de uma mesquita na França.
P.Connor--NG